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Crowdfunding Livro “Quando Era Eu, Ficava Invisível”  de Ewan Wanger

prosa poética lunática deviante de um beatnik contemporâneo bebendo cerveja do supermercado

Provavelmente estou só escrevendo essa fucking história aqui por que eu fiquei com muita raiva quando a ouvi falando sobre mim naquele podcast. Com as amigas e a entrevistada, deram muita risada da minha cara, dizendo que eu “não era um intelectual”. Pois agora mesmo que eu sou uma caralha de uma pessoa super intelectual dessa fucking porra de universo, sim senhor!

Não quer dizer que eu não seja. Por que não estou com a vida ganha e não posso passar metade do meu dia lendo livros! Alguns de nós, simples mortais que não podem se dar ao luxo de trabalhar só três horas por dia, não praticam a intelectualidade diariamente por não quererem, mas por não poderem. E eu posso ser sim um escritor de histórias, pode ter certeza disso. Um fucking writer de umas paradas aí que fervilham no meu cérebro. Da porra toda, mano!

Além do mais e muito mais porcausa disso, eu não aguento mais passar meus dias em monólogos herméticos discutindo estes assuntos existencialistas sozinho. Com certeza ninguém vai ler estes textos e talvez eu até os coloque na internet. Mas eles são muito mais terapia para a minha cabeça do que uma vontade enorme de ser escritor. Imagino que poucos escritores escreveram grandes histórias para serem grandes escritores.

E que a maioria escreva mesmo dada a urgência de seus anseios mentais. É mais escrever para a sua cabeça não explodir, do que escrever por uma vocação idiota e tal, para a qual sincetamente eu nem ache que a tenha. É muita presunção eu achar que o jeito que escrevo é relevante para mais do que um punhado de miseráveis que nem eu. Essa ideia me soa absurda.

Estar na vida de pessoas “perfeitas” é uma espécie de fardo: tem certas imperfeições suas que você tem medo de confessar. E não confessa. E você está certo. Nunca diga para gente assim as suas fraquezas! Arianas, virginianas, leoninas, aquarianas, me desculpem, mas eu fico agora inseguro com vocês. Maravilhosas e um pouco perversas. Elas podem te diminuir mais do que te consolar e te ajudar. E por mais que eu olhe para trás e sinta que eu deixei boas facetas da minha personalidade, dos meus dramas e da minha vida de fora daquele relacionamento, eu nunca havia sido tão feliz em toda minha vida. É complexo.

Uma das coisas mais chatas e embaraçosas, quando as coisas acabam, é pegar os bons hábitos da pessoa outrora amada. É uma herança indesejada, sob a ótica de quem não quer se lembrar da ex… É também um benefício, é principalmente isso. É certo que pessoas que se relacionam, acabam ocasionalmente escambando skills entre si. Mas leva tempo até não detestar um pouco a pessoa que você se tornou depois daquele relacionamento. Justamente sabendo que você, sim, se tornou uma pessoa talvez muito melhor porcausa daquela pessoa que agora te despreza. Foi o meu caso.

Enquanto eu caminhava pelo supermercado, pensava em como aquele relacionamento ao mesmo tempo me fazia tão feliz e agora, tão miserável. Como é possível alguém te dar tanta felicidade e depois te deletar da vida dela assim como se fosse uma band-aid infectado, puxado de uma vez só e jogado no lixo orgânico para apodrecer fora do alcance da visão!?

Caralho, não tem mais lemon pepper no super?? Duas semanas que não tem, já, e essa é uma droga de hábito que eu ganhei naquele relacionamento… Às pipocas que eu fazia, e que ela dizia serem maravilhosas, eu adicionava a escabrosa especiaria estranha, ficavam realmente deliciosas. Não são a mesma coisa sem o tal do limão com pimenta. Que porra de combinação ridícula, meu! Mas é bom pra cacete! E assim eu me deliciava agora com as mesmas pipocas, enquanto esfaqueava o meu coração com faquinhas pequeninas de um playmobil sarcástico e sádico que me assombrava.

Que nem aquele relacionamento… Ela com a vida ganha, eu trabalhando desde cedo pra ganhar a janta. Ela toda organizada, eu, um freak caótico tentando lidar com a vida, a paternidade, fugindo dos boletos, bebendo café às bicas e tomando energético para ser o super mega blaster ultra profissional da produtividade moderna. Estar com alguém melhor do que você te faz melhor. E eu evoluí demais como ser humano, em muitos sentidos. Por mais que eu não tenha maturidade suficiente para dizer a ela isso diretamente agora, pois nos tornamos meros conhecidos, seguidores invisíveis das redes sociais e que não interagem, eu gostaria de dizer, sim.

É o tipo de coisa que fica implícita, por que se relacionar com alguém inteligente liga muitas chaves instantâneas. De certa maneira o que não dizemos mais um ao outro eu posso sentir e que ela também sente. E eu sou pura gratidão, ainda que haja também muita tristeza por não estar mais com ela. Uma mulher maravilhosa que agora eu admiro somente em segredo. Já faz muitos e muitos dias que não somos mais parceiros de vida, e eu sofro ainda com a falta da sua presença. É inevitável.

Não sei o que mais me faz falta: se é a pipoca com lemon pepper ou se é estar inebriado e apaixonado por aquela mulher, ainda que eu já sentisse há tempos o seu amor por mim se escanecendo… Já faz quase dois meses que acabou e eu ainda choro três ou muito mais vezes por dia porcausa disso. Daí eu ainda tenho que lidar com a abstinência das duas coisas. De lemon pepper e dela. É osso viver às vezes. O projeto era superar o fim em uma ou duas semanas. O que você faz quando ama uma pessoa que te chutou e não consegue esquecer?

Vai para o tinder, é claro. Que dúvida! Sem muita fé real em encontros, afinal é pandemia… Mas eu fui. Agora eu encho os ouvidos de estranhas com as coisas que eu gostaria de ter falado naquele relacionamento, mas que a moça não tinha a menor paciência ou disponibilidade de ouvir. “Nã-nã-nã-nã-nã”, ela diria: “eu estou assistindo o programa na TV, agora não posso prestar atenção”. Puxa, às vezes a gente deixa de falar algumas coisas que ecoarão para sempre numa dimensão imaginária para onde são levadas todas as respostas geniais que você não disse durante a vida inteira.

Nesta dimensão existe um você muito mais empoderado e inteligente, um verdadeiro quebrador de paradigmas do universo. Um messiah vestindo de branco e linho artesanal, com cabelos longos esvoaçantes e um sorriso de sabedoria que cega aos ignorantes e aos incrédulos da sua verdade, das suas reflexões e dos seus ensinamentos. Ó god, há de se estudar o motivo de não sermos nós mesmos em alguns relacionamentos. O efeito colateral disso é devastador: estar condenado a ser um avatar de si mesmo que existe naquela dimensão paralela. Mas que nunca mais será você mesmo. Pelo menos lá, naquele estado temporal imaginário, mas que relembra do quanto você foi idiota.

Um fihotinho de cachorrinho muito lindinho deve morrer a cada vez que você não fala o que sente. Não sejamos mais assim, mesmo que nós tenhamos uma grande admiração à pessoa pela qual nos apaixonamos. Especialmente se ela for controladora, autoritária e mais poderosa do que você. Parabéns, este é um livro de auto suplício para babacas submissos em relacionamentos sem responsabilidade afetiva.

É para você não ser invisível, quando é você, que eu vou continuar escrevendo esta história com a tua ajuda. E provavelmente sem aula, mas com muito menos glamour. Serão três meses escrevendo diariamente e para todos que me ajudarem neste crowd founding; Todas as doações acima de R$ 49,99 receberão um exemplar impresso, com capa dura (que nem eu) e lombada quadrada, incluindo o frete para todo o BR. Sim, eu vou te enviar o meu primeiro livro, autografado com uma foto minha. Que servirá para você espantar as moscas da vizinhança inteira para sempre, acesso vitalício!

Para todas as outras doações eu enviarei o e-book para você ler ou jogar numa pasta empoeirada do seu computador, tablet ou celular. Acha que esta leitura não vale nem 10 reais? Bora fazer essa doação mesmo, meu amigo! Tem problema não! É muito melhor do que nada… E quem sabe se um bando de parças que curtiram estas bobagens não pagam pra ver o final melancólico dessa epopéia urbana desvairada. Serão 100 páginas de mal traçadas linhas de libertação da alma. Decepção garantida.